sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Endocrinologista comenta as novas promessas para o tratamento do diabete


Células-tronco, uma nova insulina, cirurgia bariátrica... Conheça as novidades e como elas podem mudar a forma de tratar os dois tipos de problemas gerados pelo excesso de açúcar no sangue.


 

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, estima-se que daqui a 20 anos, cerca de 380 milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentarão o diabete, e por isso não é à toa que medidas de tratamento e prevenção são estudadas constantemente para frearem esta estimativa. Confira entrevista com o médico endocrinologista, Eduardo Altieri, da Clínica Endocardio, onde ele comenta as principais terapias utilizadas na atualidade para o tratamento do diabete tipo 1 e tipo 2.

Células-tronco: uma nova perspectiva
As células-tronco, utilizadas em diversas áreas da medicina, também podem auxiliar no tratamento do diabete tipo 1?

Dr. Eduardo Altieri:  Pesquisadores e cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, realizaram testes onde utilizaram quimioterapia e células-tronco para impedir o sistema imunológico de continuar agredindo o pâncreas e manter o funcionamento das células Betas (que produzem o hormônio insulina) e células Alfas (que produzem o hormônio glucagon), ambos importantes para controle da glicose. O resultado da pesquisa mostrou que alguns voluntários começaram a viver sem as picadas diárias de insulina. O médico responsável pela linha pesquisa é o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, que, dando continuidade ao trabalho do professor Julio Voltarelli para os próximos anos, pretende também  empregar outra espécie de célula-tronco, a mesenquimal, para enfrentar agora o diabete tipo 2. Saiba mais em: http://carloseduardocouri.blogspot.com.br/

Insulina & Cia
A insulina ainda é o tratamento mais utilizado, por quê? É possível insulina em comprimido?
E.A.: Para o diabete tipo 1, a insulina ainda é o tratamento utilizado. No entanto, para os pacientes que apresentam o tipo 2, hoje temos outros vários medicamentos que ajudam a insulina produzida pelo próprio organismo a funcionar melhor, sem a necessidade de aplicações insulina exta. Hoje as insulinas evoluíram bastante, elas já podem ser aplicadas via canetas com agulhas finas de 4 mm, onde a dor é praticamente nula. Já existem em desenvolvimento insulinas em comprimido, mas a ação dos ácidos do suco gástrico e enzimas digestivas do intestino  dificultam sua absorção. Uma nova linhagem que busca driblar esse efeito ainda está em estudo, vamos aguardar. 

Principais Medicamentos
Quais outros medicamentos são utilizados atualmente? 
E.A.: É importante ressaltar que todo e em qualquer nível, seja no diabete inicial ou nos casos mais avançados, o paciente deve utilizar medicação. A metformina continua sendo a droga  de escolha, porém como o diabete é causado por diversos fatores, é praticamente impossível uma droga só, por melhor que seja, controlar os níveis de glicose durante muitos anos.  Por isso, podemos utilizar em fases iniciais tratamentos combinados com dois ou três medicamentos, com mecanismos diferentes, que irão atuar diminuindo o valor da glicose, mas também preservando o organismo para um controle adequado a longo prazo. Lembrando que, além do valor da glicose, deve-se pensar na proteção de outras partes do corpo como coração, rins, visão, vasos sanguíneos diminuindo assim a probabilidade dos fatores de risco da doenças como problemas cardíacos, nos rins e membros.

Diabete & Flora Intestinal
Qual o elo entre o diabete tipo 2 e a flora intestinal?
E.A.: Vários fatores estão envolvidos nas alterações da glicose e se leva muito em consideração os hábitos das pessoas, ambiente que ela vive e sua genética . Nos últimos anos mais atenção é dada à microbiota intestinal, tanto no tipo de bactérias quanto aos seus genes, reforçando a ideia de que alguns padrões de flora extraem mais energia dos alimentos ingeridos e têm um perfil de maior produção e substâncias inflamatórias, e isso pode ser influenciado por dietas e hábitos. Desta forma, alterações metabólicas tais como obesidade,  resistência à insulina e vários fatores inflamatórios estão diretamente relacionadas ao tipo de flora intestinal do indivíduo.

Cirurgia Bariátrica
Por que a cirurgia bariátrica é indicada em alguns casos de diabete?
E.A.: Em pacientes que apresentam um grau de obesidade 2 ( IMC> 35kg/m2) e são diabéticos, a cirurgia é indicada pois através da perda de peso, há um controle melhor da glicose, colesterol e pressão arterial, além de levar a alterações nos hormônios intestinais que possibilitam também um controle muito adequado da glicemia do paciente levando muitos à remissão (e não cura) da doença que é permanecer por anos com glicose adequada sem uso de medicamentos.

O melhor remédio: prevenção!
O melhor remédio para o diabete tipo 2 ainda é a prevenção? Há algum tipo de vacina ou remédio que possa evita-lo? 
E.A.: Sim, a prevenção é o melhor remédio sempre! Mesmo para indivíduos com tendência genética, manter um estilo de vida saudável através de uma alimentação adequada, prática de exercícios, qualidade no sono e estresse controlado, faz com que o risco de desenvolverem a doença diminua bastante. 
Quanto à vacina, para o diabete tipo 2, ainda não existe uma opção, porém para o tipo 1, há estudos testando sua eficácia. Há outros que comprovam a eficácia de alguns medicamentos em evitar a progressão da doença em pacientes que já são pré-diabéticos.

Dados do Entrevistado:
Dr. Eduardo Altieri | Médico Endocrinologista  | CRM/SC: 12.591 | RQE: 9.852

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